Por André Rabelo*


ResearchBlogging.orgEm inúmeras situações do nosso cotidiano, fazemos coisas aparentemente sem pensar muito, como quando dirigimos um carro, trancamos a porta de casa mas logo em seguida não lembramos se de fato fechamos, ou subimos escadas de um edifício. “Aonde eu estava com a cabeça” uma pessoa pode dizer ao se dar conta de que jogou na máquina de lavar a roupa limpa que ia usar e vestiu a roupa suja que ia colocar na máquina.

Em casos mais extremos, agir de forma “instantânea” pode ter resultados muito piores do que trocar roupas. Vejamos um exemplo dado por Fiske e Taylor (2008): Pedro está no shopping e vê de repente dois homens negros sendo perseguidos por um segurança branco, ambos vindo em sua direção. Quando Pedro se dá conta do que está acontecendo, o primeiro dos dois homens estava passando ao seu lado, mas ao ver o segundo homem se aproximar Pedro se levanta e o segura, achando que poderia deter ao menos um dos ladrões que o segurança perseguia. O homem agarrado diz que é o dono da loja e que o ladrão (o primeiro homem) estava fungindo.

Esses são exemplos de situações onde as pessoas parecem não estar muito atentas ao que fazem, de tão acostumadas que já estão em realizar certas ações ou de tão pouco tempo que dispõe para tomar uma decisão. Uma parte dos nossos comportamentos parece se dar de forma automática, sem que precisemos deliberar e planejar de forma consciente cada detalhe das nossas ações. A maioria das situações cotidianas demanda que nos comportemos de forma rápida e eficiente, sendo que se tornaria inviável para fins práticos se tivessemos que pensar sobre cada detalhe das nossas ações antes de realizá-las. Isso é o que vários estudos em Cognição Social tem investigado nos últimos anos.

Os pesquisadores dessa área formularam modelos teóricos que buscaram explicar as operações mentais envolvidas no comportamento social das pessoas. Muitos modelos de processamento da informação foram sistematizados por diversos autores nos últimos anos, mas, em geral, boa parte das propostas compartilham de algumas características comuns. Para fins didáticos, podemos nos referir à esses pontos comuns entre os modelos como constituintes do Modelo Duplo de Processamento da Informação.


De forma sucinta, esse modelo busca explicar a diversidade dos pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas (Fiske e Taylor, 2008), a partir do entendimento de como as pessoas processam as informações e de como variáveis podem influenciar esse processamento.

Algumas nomenclaturas foram sugeridas para designar os componentes desse modelo, entre elas a de Sistema 1 para a dimensão mais automática do processamento de informações, e Sistema 2, para a mais controlada. Na tabela ao lado, são apresentadas algumas características desses dois pólos de processamento da informação (Fiske e Taylor, 2008).

Mais antigo do ponto de vista evolutivo, o Sistema 1 representa um sistema de processamento de informação mais rápido, inconsciente e inflexível, envolvido, por exemplo, na formação das primeiras impressões que criamos de outras pessoas. Algumas áreas cerebrais como a amígdala, o córtex pré-frontal ventromedial, os gânglios basais e o córtex temporal lateral parecem estar especialmente relacionadas à esses sistemas de processamento (Fiske e Taylor, 2008).

O Sistema 2, entendido por alguns autores como sendo único do ser humano e responsável pela nossa capacidade de pensamento abstrato descontextualizado (Evans e Frankish, 2009), representa um sistema de processamento de informação mais lento, consciente e flexível, que pode atuar, por exemplo, quando estamos realizando cálculos durante um exercício de matemática. Esse sistema tem sido relacionado com áreas cerebrais como o córtex pré-frontal lateral, o lobo temporal medial e o córtex parietal lateral (Fiske e Taylor, 2008).

Para compreender como as pessoas transitam entre esses dois sistemas de processamento da informação, motivações como a necessidade de pertencer à grupos, de compreensão do seu ambiente, de controle do seu ambiente, de percepção positiva de si mesmo e de confiança no grupo de pessoas que faz parte tem sido apontadas como importantes variáveis no entendimento da dinâmica entre o Sistema 1 e Sistema 2.

O modelo geral proposto se baseia em um continuum onde o nível de automatismo do processamento da informação varia. Alguns níveis deste continuum foram detalhados por Fiske e Taylor (2008), como são apresentados na tabela abaixo.

Ao longo dos anos foram criados paradigmas experimentais (formas de conduzir uma investigação) que testassem o modelo. Um dos mais importantes foram os estudos de priming, que analisam os componentes mais automáticos do processamento da informação.

Não existe tradução adequada para esse termo, porém a idéia geral do priming é parecida com a de ativação, onde um estímulo ativa determinados pacotes de representações mentais associadas, tornando mais acessível ao indivíduo essas representações e outras que estejam associadas a elas. A melhor forma de entender o que é o priming, e como ele pode ser usado para testar empiricamente o modelo é através da descrição desse paradigma.

Imagine que você é um estudante da Universidade de Nova York em 1996 e foi convidado para participar de um estudo de psicologia (Bargh, Chen e Burrows, 1996). Os estudantes viam de 4 a 25 círculos coloridos em uma série de telas por 2 ou 3 segundos em um computador, e era pedido que eles dissessem se o número de círculos era par ou ímpar (uma tarefa bem monótona e desinteressante).

Depois de 130 apresentações, aparecia uma mensagem de erro na tela do computador dizendo que nenhuma resposta havia sido salva, e que o experimento precisaria de reiniciar. Sem conhecimento prévio, os estudantes tiveram suas faces gravadas, registrando-se suas reações à mensagem, e, posteriormente, sendo revelado e pedida a autorização dos mesmos para utilização do material. Sem o conhecimento deles também, antes de cada apresentação dos círculos eles viam fotos em preto e branco de um “americano africano” ou de um “americano europeu”, a velocidades subliminares (de 13 a 26 milisegundos).

Todos os participantes eram “americanos europeus”. As expressões faciais foram significativamente mais hostis no grupo experimental que foi exposto às imagens de americano africano do que no grupo exposto às imagens de americano europeu. Nesse experimento, emoções hostis foram eliciadas nos participantes através das imagens, que foram mais facilmente expressas devido ao contexto propício para tal manifestação (a situação de irritabilidade diante do erro do computador).

Esse estudo pode sucitar lembranças relativas ao caso das mensagens subliminares em cinemas, onde imagens de refrigerante apresentadas abaixo do limiar da consciência fariam as pessoas tomarem mais refrigerante, o que não foi apoiado por estudos mais acurados feitos logo em seguida. O paradigma de priming não se baseia em uma idéia tão simples quanto à das mensagens subliminares, já que uma série de variáveis podem infuenciar o grau que tal manipulação poderia afetar o comportamento. Porém, teoricamente, esse tipo de efeito é possível de ser obtido, sob determinadas condições experimentais. Uma nota importante é que propagandas supraliminares, ou seja, apresentadas em um nível consciente de percepção, como um panfleto, apresentam efeitos mais robustos que as subliminares, segundo estudos em psicologia do consumidor apontam.

Outro experimento obteve evidências de que ativar conceitos relacionados à velhice pode ter efeitos no comportamento dos indivíduos, como andar mais devagar em um corredor, em relação a indivíduos que foram ativados com categorias desconectadas de velhice (Bargh, Chen e Burrows, 1996).

Esse paradigma experimental foi tão importante que se popularizou na pesquisa da área desde os anos 90. Um exemplo de artigo muito recente foi o que saiu no número do mês de maio do Journal of Personality and Social Psychology, um dos periódico mais importante de psicologia social no mundo atualmente, que realizou estudos experimentais envolvendo o paradigma do priming para estudar a relação entre segurança, autenticidade e honestidade (Gillath, Sesko, Shaver e Chun, 2010).


Referências:

Bargh JA, Chen M, & Burrows L (1996). Automaticity of social behavior: direct effects of trait construct and stereotype-activation on action. Journal of personality and social psychology, 71 (2), 230-44 PMID: 8765481

Evans, J. S. B. T., & Frankish, K. (2009). In two minds: Dual processes and beyond Oxford University Press

Fiske, S. T., & Taylor, S. E. (2008). Social cognition: From brains to culture (1 ed.) New York: McGraw-Hill.

Gillath, O., Sesko, A., Shaver, P., & Chun, D. (2010). Attachment, authenticity, and honesty: Dispositional and experimentally induced security can reduce self- and other-deception. Journal of Personality and Social Psychology, 98 (5), 841-855 DOI: 10.1037/a0019206



* André Rabelo é estudante de graduação do curso de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Além de ser editor do Blog Ciência - Uma Velha no Escuro, é colaborador do Blog de Astronomia do astroPT e do Bule Voador.

27.6.11

Você é o que você escuta!

Postado por Marcus Vinicius Alves |

Do toque do tambor aborígene até os acordes mais pesados de guitarras do rock, um fato indiscutível é a força que a música tem para expressão dos indivíduos na sociedade. A expressão musical é reconhecidamente uma das formas mais comuns utilizadas pelas pessoas e grupos em qualquer lugar do mundo e com as mais diferentes culturas. Para os jovens, essa intensidade se torna ainda mais visível, o estilo musical serve como uma insígnia que a priori revelaria para outrem em qual grupo social este jovem estaria incluso e qual o estilo de vida que ele possui. As palavras cantadas displicentemente no meio da rua, a camisa preta de sua banda favorita ou mesmo o adesivo de um bloco de carnaval colado na traseira do carro seriam instrumentos cruciais para a identificação grupal.


Com o avanço dos recursos de comunicação on-line, houve também uma proliferação de lugares onde demonstrar seu estilo musical favorito e, com isso, ser bem ou mal visto por outros. O que você ouve teria se transformado ainda mais em um estandarte do que você é. As pessoas se afiliariam aos clãs de identidade musical parecida, expondo quem são e como devem ser percebidos. É compreensível então que para algumas pessoas o estilo musical seja um cartaz melhor de si do que as roupas que veste, os filmes que vê ou os hobbies que possui, na maioria das vezes influenciando essas escolhas.


Mas que informação os outros realmente percebem?


ResearchBlogging.orgUm estudo realizado por pesquisadores britânicos procurou investigar o quanto os indivíduos usam as músicas que ouvem como meio para comunicar suas preferências na vida como um todo e o conteúdo dos estereótipos que estas tinham de diversos estilos musicais. Tendo a compreensão de que revelar o estilo musical encaixa o indivíduo em um grupo, os pesquisadores propuseram estudar como tais pessoas e seus grupos são percebidos, e mais, como os próprios grupos se percebem, segundo a teoria da identidade social.


A pesquisa tinha algumas perguntas principais, como o quanto as pessoas concordariam sobre aspectos psicológicos e sociais ligados a estereótipos de estilos musicais e como seriam os estereótipos entre os gêneros distintos. Além de questionar a possibilidade de generalização dos estereótipos musicais para diferentes regiões. 



Os participantes do estudo julgavam protótipos de fãs de gêneros musicais específicos (como rock, rap, música clássica etc.) e associavam a esses estereótipos certas características. A pesquisa avaliou a percepção das características psicológicas, sociais, de religiosidade, de personalidade, sociais e étnicas que estariam relacionadas a determinados estilos musicais. Os resultados da pesquisa mostraram que os jovens têm os padrões dos estereótipos dos fãs de certos grupos musicais altamente estruturados e consonantes. Os resultados revelaram que alguns estereótipos foram similares em certos construtos (i.e. a “personalidade” dos fãs de rock e música eletrônica), todavia as particularidades dos estereótipos foram diferenciadas em nível macro. Houve ainda a confirmação do potencial de categorização social acima da psicológica, pois os resultados acerca da classe e da etnia de cada gênero foram mais consistentes que os de personalidade, ou seja, é mais influente para a categorização o grupo social ao qual está relacionado um estilo musical do que a prévia concepção da personalidade dos indivíduos que o escutam. Mas esta talvez também fosse uma categorização cíclica, estariam então relacionados os estilos musicais aos estereótipos sociais e étnicos e assim também a afiliação grupal dos indivíduos se daria a partir da concordância com os ideais dos determinados grupos.


Apesar de o estudo revelar que as pessoas possuem de algum modo uma visão sortida de características psicológicas dos integrantes de certos gêneros musicais, há certas limitações nessa forma de analisar o fenômeno, como só observar os fatores psicológicos, esquecendo os culturais e sociais, afinal, já se sabe que o estilo musical que se adere costuma também estar correlacionado à classe social em que se encontra (i.e. fãs de jazz e música clássica comumente estão mais presentes na classe alta ou com maior grau de instrução, enquanto que a classe trabalhadora ou menos instruída costuma ouvir músicas como gospel, rap e, no Brasil, poderíamos citar o pagode) e que a etnia também está diretamente ligada ao que se ouve, nos EUA, negros tendem a ouvir jazz e rap, enquanto que brancos ouviriam mais o rock, a música clássica e o country.


Estudos anteriores já haviam demonstrado que pessoas preferem estilos musicais que reforcem e reflitam aspectos da sua identidade e personalidade (ou seja, indivíduos procurando sensações intensas ouviriam punk, enquanto que rebeldes ouviriam rock ou rap, e indivíduos que se percebem como extremamente criativos e artísticos ouviriam músicas sofisticadas como jazz ou clássica), então, além do grupo em que a pessoa se sente mais próxima, o gosto musical também revelaria seus valores e personalidade. Sendo assim, se perceber como pertencente a um grupo musical influenciaria o desenvolvimento da identidade e das relações intergrupais, pois a música ouvida informaria também os valores, atitudes e crenças que esta pessoa compartilha, além de características psicológicas. Indo mais além, os estereótipos de grupos musicais chegam mesmo a influenciar escolhas de parceiros, pois ao utilizar de crenças acerca da personalidade de quem escuta determinados tipos de música, as pessoas estariam pouco inclinadas a se relacionar com alguém com características muito diferentes. 


E de que forma isso aconteceria? Primeiramente, todos teriam crenças sobre os estilos musicais e as pessoas que os ouvem, além disso, ouvintes de certos gêneros musicais já teriam em si estereótipos de conduta e personalidade definidos. E assim, os estereótipos encontrados para cada gênero musical possuem um núcleo de realidade quando relacionados com os ouvintes destes gêneros, ou seja, os estereótipos formados não estariam de todo errados.
 
Quer testar?

Recentemente alguns vídeos começaram a circular pela internet onde pessoas perguntam a outras na rua o que elas estão ouvindo - um dos vídeos segue logo abaixo - faça um teste e tente adivinhar o tipo da música que a pessoa está ouvindo e depois tente imaginar um pouco mais sobre a pessoa a partir da resposta dada e você verá que também tem uma ideia bem formada acerca dos ouvintes de diferentes estilos musicais.





Rentfrow, P., McDonald, J., & Oldmeadow, J. (2009). You Are What You Listen To: Young People's Stereotypes about Music Fans Group Processes & Intergroup Relations, 12 (3), 329-344 DOI: 10.1177/1368430209102845

18.6.11

Deixem Que as Crianças Perguntem

Postado por Colaboradores |

Por André Souza*

Nós seres hu
manos gostamos de saber o porquê de tudo. Quem de nós nunca conversou com uma criança curiosa em saber por que o céu á azul, ou por que a luz acende quando apertamos o interruptor? Em outras palavras, desde cedo queremos sempre saber a causa das coisas. E mais interessante ainda, já aos três anos já explicamos as causas das coisas, ou o porquê que as coisas acontecem (pergunte a uma criança de três anos por que o céu é azul e tenho certeza que terá uma explicação bem pláusível -- pelo menos para ela).

Explicar o porquê que as coisas acontecem é, na verdade, uma atividade intelectual muito boa e importante para o desenvolvimento da criança. Vários estudos mostram, por exemplo, que as crianças aprendem matemática muito mais facilmente quando "explicam" um conceito, em oposição a quando elas apenas "lêem" ou "escutam" uma explicação sobre esse conceito. Por isso é importante que desde cedo incentivar o ato de criar explicações.

Basicamente, existem dois tipos de eventos que as crianças podem explicar. Um evento que é consistente com o conhecimento anterior que a criança já possui e um acontecimento que é inconsistente com o conhecimento que a criança tem. Um exemplo: imagine que uma criança veja você apertar o interruptor para acender a luz do quarto. Como ela já viu você fazendo isso várias vezes antes, é parte do conhecimento prévio dela que a luz vai acenda. Isso é um acontecimento consistente com o conhecimento prévio da criança. Imagine, no entanto, que ao apertar o interruptor, a televisão ligue. Isso é um acontecimento que é inconsistente com o conhecimento prévio da criança.

Um estudo recente publicado esse ano no periódico Child Development pelos pesquisadores Cristine Legare, Susan Gelman e Henry Wellman investigou que tipo de acontecimento (consistente ou inconsistente) incentiva mais explicações das crianças. Nesse estudo, as crianças viam uma caixa que se acendia (ou não) quando uma outra peça era colocada em cima dela. Os pesquisadores mostravam para a criança duas dessas caixas e mostravam como as caixas funcionavam (por exemplo, se colocar o cubo azul sobre a caixa ela acende, mas se colocar uma outra peça, ela não acende). Logo após a apresentação das duas caixas, as crianças tinham a oportunidade de fazer as caixinhas funcionarem. No entanto, quando elas tentavam, uma das caixinhas não funcionava de acordo com o que elas viram antes.

O estudo mostrou que as crianças se interessaram muito mais pelos acontecimentos inconsistentes do que com os acontecimentos consistentes. Ou seja, preferiam explicações que tinham haver com o acontecimento inconsistente. E mais ainda. Os acontecimentos inconsistentes foram muito mais propícios a receber uma explicação causal por parte da criança. Em outras palavras, as crianças ficaram muito mais interessadas na "causa" do acontecimento inconsistente do que do acontecimento consistente.

O que isso quer dizer? Bom, muitos pais -- principalmente mães :-) -- tem uma mania muito feia de "preparar" o ambiente da criança o suficiente para que ela nunca encontre uma situação ou acontecimento que seja inconsistente com o que ela ja sabe. Para muitos pais, as crianças se sentem mal e não gostam de situações inconsistentes e adversas. E com isso controlam também as chances que as crianças têm de viver situações que incentivem explicações de natureza mais causal. O interessante de explicações causais é que elas, muitas vezes, não se baseiam apenas em característica superficiais (aparências), o que leva as crianças a buscarem as essências dos acontecimentos que vivenciam. Buscar essências acaba sendo uma característica intelectual importante na vida adulta.

É muito importante saber e entender a importância que nossos comportamentos diários com nossas crianças acabam, de uma forma ou de outra, influenciando o desenvolvimento intelectual e social delas.

E para aqueles que eu tenho certeza que ficaram curiosos para saber por que o céu é azul, aqui vai a explicação: existe um fenômeno conhecido como Rayleigh Scattering, que basicamente é uma forma de espalhamento da luz e de outras ondas eletromagnéticas. A luz do sol é formada por várias cores diferentes -- com ondas de diferentes tamanho --, mas devido à algumas substâncias presentes na nossa atmosfera, cores com ondas mais curtas (ex.: azul) são 'espalhadas' mais facilmente do que cores com ondas mais largas. Mas tenho certeza que vai te dar um pouco de trabalho para explicar isso para seu filho de 4 anos! :-)

Referência
Legare CH, Gelman SA, & Wellman HM (2010). Inconsistency with prior knowledge triggers children's causal explanatory reasoning. Child development, 81 (3), 929-44 PMID: 20573114

* André L. Souza é doutorando em Psicologia Cognitiva pela Universidade do Texas em Austin e escreve para o blog Cognando.

15.6.11

Sorteio de livro - CogPsi e Comporte-se

Postado por Marcus Vinicius Alves |

O blog Cogpsi, em parceria com o Comporte-se, a partir de hoje promove o sorteio do livro Cultura e produção das diferenças: estereótipos e preconceito no Brasil, Espanha e Portugal, organizado por Elza Techio e Marcos Eugênio O. Lima, e com um capítulo de livro de um dos autores daqui. O livro traz capítulos teóricos e relatos de estudos realizados nos três países do título. Sem dúvida, uma boa aquisição para quem se interessa pelo tema.



Para concorrer ao sorteio, é preciso seguir as regras abaixo:
  • Seguir o perfil do CogPsi (@CogPsi) e o perfil do Comporte-se (@comportese) no Twitter
  • Dar RT na seguinte frase: "Quero concorrer ao livro que o @comportese e o @CogPsi estão sorteando! (http://is.gd/y5Kh1X)"
Caso o sorteado não esteja seguindo qualquer uma das regras, ou não entre em contato conosco até 72h após a divulgação do resultado, faremos um novo sorteio, seguindo as mesmas regras acima.

Você pode participar até dia 28 de junho às 23h, quando publicaremos o resultado nos dois blogs e twitters.

Participe e acesse também o Comporte-se.

Por Flávia Lopes*


Esse post veio do blog "Conversas de Criança" da Flávia e segue uma linha de textos que ela já havia escrito, e assim, para manter a fidelidade do escrito por ela, nada foi alterado. Caso você se interesse em saber o que fora antes abordado pela autora, o link do blog segue ao final do texto.
Marcus V. Alves

A ideia do tema de hoje surgiu ao participar de uma defesa de trabalho de conclusão de curso.
Primeiro quero parabenizar minha aluna Ana Paula Fest Müller pelo excelente trabalho (Um olhar horizontalizado acerca da tutoria de resiliência: um estudo de caso)!
Mesmo que estes livros sejam apropriados para os adultos a aplicação do tema é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil. A resiliência permite ao sujeito se adaptar às situações que apresentem fatores de risco e assim, superar as adversidades.

Uma pausa para “explicar” esta palavrinha: resiliência

A palavra vem do latim “resilio”, que significa voltar ao estado natural. O conceito oriundo da Física que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. É aplicado ao comportamento humano com o objetivo de permitir que sejam adotadas mudanças nas atitudes para proporcionar melhoria na qualidade de vida das pessoas mesmo em situações do dia-a-dia de cobranças, prazos, pressões, muita tensão e estresse.
E por que pensar na resiliência como importante para o desenvolvimento infantil?
Algumas crianças podem apresentar problemas em seu desenvolvimento relacionados ao comportamento e/ou à um desequilíbrio emocional, e esses problemas ocorrem por uma falta de habilidade para enfrentar eventos estressantes e de risco comuns no seu dia-a-dia.
Podemos considerar também, de acordo com Cyrulnik que é por meio das relações sociais que a criança pode estabelecer um processo de equilíbrio entre os fatores de risco e de proteção. É também pelos vínculos seguros que são basicamente construídos no período da infância, que a possibilidade de se ter uma rede de apoio é construída. Essas redes, por sua vez, fortalecem a criança ou o adulto e permitem que ele alcance o equilíbrio entre os fatores de risco e proteção.
Então, se nós adultos pudermos conduzir as situações de adversidade enfrentadas pelas crianças de forma realista, proporcionando apoio e fazendo com que elas percebam seus limites e potencialidades, estaremos capacitando-as para enfrentar e superar as adversidades e o mais importante, transformando positivamente essas situações.
Mas, é importante lembrar que trabalhar com a criança a positividade das situações adversas não significa transformar essa criança em invulnerável. Ao enfrentar uma situação de risco, todos, crianças ou adultos, saíram do enfrentamento com algum dano, porém com uma visão positiva de reconstrução.
Seguem os exemplos
Como exemplos de resiliência podemos pensar em Maria Callas, da forma como foi citado no livro de Cyrulnik. Nascida em Nova York, filha de imigrantes gregos que devido a dificuldades econômicas, teve que regressar à Grécia com sua mãe em 1937, foi uma menina consumida por carências afetivas morando em depósito de crianças imigradas.
Podemos pensar também em Steve Jobs que fundou a Apple aos 20 anos, empresa composta por duas pessoas e que funcionava na garagem da casa dos pais de Jobs e se transformou, em dez anos, numa empresa com 10.000 colaboradores. Jobs foi demitido da própria empresa aos 30 anos, mas, devido a seu espírito empreendedor, ou melhor da sua resiliência, fundou a NeXT e também comprou de George Lucas a Pixar Animation Studios transformando no maior estúdio de animação do mundo. No seu discurso em 2005 para os formandos da Stanford University compartilha três ótimas histórias de vida, de sua adoção até o câncer que enfrentou.


* Flávia Lopes é Graduada em Psicologia pela Faculdade Ruy Barbosa e Mestre em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco - Itatiba. Escreve no blog Conversas de Criança.

Não é possível erradicar as drogas. Isso é inquestionável. Devemos, porém, nos questionar até que ponto isso é, também, desejável. Defender uma sociedade completamente livre de drogas inclui abrir mão de todos os benefícios associados a essas substâncias. Além disso, é preciso ter em mente que uma sociedade com drogas não significa, necessariamente, uma sociedade que abusa das drogas.

A palavra droga traz em si o peso de uma conotação negativa que nem sempre é apropriada. Muitas drogas promovem a melhora da qualidade de vida. De fato, há drogas - como ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos - que são as verdadeiras responsáveis pela manutenção das vidas de muitas pessoas. Ignorar isso é tratar o assunto de forma dogmática.

O uso abusivo de drogas, bem como o uso de drogas que não possuem comprovada aplicação terapêutica, são os principais motivos de associarmos as drogas a consequências negativas. Diferentemente das drogas que tem ação terapêutica, as drogas recreativas não são de uso recomendado. Porém, devido às sensações prazerosas que proporcionam, dificilmente deixarão de ter adeptos. Campanhas de prevenção e controle do uso de drogas são, em certo sentido, eficientes, mas não tem condições de extinguir o uso abusivo.

A sociedade sem drogas é uma utopia. A sociedade que faça uso responsável das drogas, ainda que com fins recreativos, é uma possibilidade. Não é uma possibilidade fácil nem rápida de se tornar realidade, mas é plausível o suficiente para justificar o investimento em campanhas e programas de prevenção, controle e até abandono desse abuso.

E você, o que acha?

4.6.11

Hipnose é opção terapêutica

Postado por Colaboradores |

por Lucas Maia*


A hipnose é um modo de indução do transe, um estado alterado de consciência induzido de modo gradual e por etapas, por meio de métodos e técnicas que visam a modificação gradual da atenção. Técnic

as que envolvem por exemplo: a fixação do olhar; sugestões verbais; indução de relaxamento ou visualizações; concentração de foco de atenção; por vezes aliadas a recursos ópticos como pêndulos, movimentos com as mãos, luzes e aparelhos eletrônicos.

Durante este processo, o grau de suscetibilidade à hipnose é medido pela capacidade do paciente em desconectar sua consciência do mundo exterior e se concentrar em experiências sugeridas pelo hipnólogo. Quanto maior for essa capacidade, maior será a possibilidade do paciente desenvolver os fenômenos hipnóticos sugeridos, dentre os quais pode-se destacar: amnésia total ou parcial de experiências traumáticas, anestesia, analgesia, relaxamento e redução do estresse, auxílio ao aprendizado, e alteração de respostas fisiológicas.

Embora durante a indução hipnótica freqüentemente se utilizem expressões como “durma” e “sono”, isso é feito porque tais palavras criam a disposição correta para o aparecimento do transe. Traçados eletroencefalográficos de pacientes em transe, mesmo profundo, aparentemente adormecidos, revelam ondas alfa características do estado de vigília relaxada. O paciente percebe claramente o que ocorre à sua volta, e pode relatá-lo.

Não se sabe ainda concretamente como a hipnose altera as funções cerebrais. Uma das teorias mais aceitas é que ela afetaria os mecanismos da atenção, em um sistema de transmissão cerebral chamado sistema ativadorreticular ascendente (SARA). Localizado principalmente no mesencéfalo, o SARA está envolvido em processos como o ciclo sono-vigília e a filtragem de estímulos sensoriais para discriminar entre estímulos relevantes e estímulos irrelevantes.

A parte mais importante da indução hipnótica se denomina rapport, que pode ser definido como uma relação de confiança e cooperação entre o hipnólogo e o paciente. Qualquer violação desta relação com sugestões ofensivas à integridade do paciente resultaria em interrupção imediata e voluntária do estado de transe por parte do mesmo. Infundado, portanto, o temor de revelar segredos contra a vontade ou praticar atos indesejados. Da mesma forma, a crença de que se pode morrer em transe ou não mais acordar é meramente folclórica e não corresponde à realidade. Um paciente “esquecido” pelo hipnólogo sairia espontaneamente do transe ou passaria deste para sono fisiológico em poucos minutos.

Alguns especialistas afirmam que toda hipnose é, afinal, auto-hipnose, pelo fato de depender precisamente da aquiescência ou consentimento daquele que deseja ou, pelo menos, concorda com ser hipnotizado. Quando um hipnólogo induz um transe hipnótico, estabelece uma relação ou comunicação muito estreita com o hipnotizado. Isso, de fato, é essencial para o sucesso da hipnose.

TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS

Em princípio, qualquer disfunção suscetível de psicoterapia, é tratável comhipnoterapia. Ansiedade, pânico, fobias, depressão, memórias traumáticas, insônia, disfunções sexuais, transtornos alimentares(anorexia, bulimia, obesidade), distúrbios da fala (principalmente gagueira), e variadas outras sintomatologias, principalmente de origem psicossomática.

Saiba mais em:

Grupo de estudos de hipnose – Departamento de Psicobiologia da UNIFESP


* Lucas Maia é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo e possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás. E escreve para o blog Consciência Alterada.

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