21.5.12

A guerra reduz seu cérebro

Postado por Marcus Vinicius Alves |


Que a guerra não é algo muito bom qualquer um poderia dizer, com exceção de alguns políticos inescrupulosos e grandes empresas que se sustentam do lucrativo mercado bélico. Que a violência tende a ser relacionada com desinteligência também não é algo novo, normalmente esse é até o argumento usado para tentar explicar atos agressivos por parte do senso comum. Embora esses pontos não sejam novos, resultados preliminares de um estudo parecem corroborar com esses dois argumentos. Os resultados indicam que soldados que combateram na Guerra do Golfo Pérsico e que apresentaram múltiplos sintomas negativos relacionados com a saúde tiveram uma redução do volume de duas áreas cerebrais relacionadas com a memória e a aprendizagem.
Neste estudo, os pesquisadores dividiram os veteranos de guerra em dois grupos por presença de sintomas – baixo e alto – baseado nos resultados de avaliação da saúde respondidos por eles após o retorno da guerra. Depois disso os pesquisadores classificaram os sintomas apresentados pelos soldados em vinte possíveis (incluindo esquecimento, dor de cabeça, fadiga, náusea, pele irritada e dores nas juntas), onde o normal seria apresentar no máximo cinco. O grupo experimental, com alta incidência de sintomas apresentava mais de cinco entre os vinte, e o grupo de baixa incidência apresentava menos de cinco sintomas.
Com técnicas de neuroimagem, os pesquisadores descobriram que os veteranos que apresentavam mais de cinco sintomas possuíam uma série de discrepâncias nas áreas cerebrais, principalmente a redução do volume de duas diferentes áreas, sendo elas o córtex e o giro do cíngulo anterior e rostral (este, por sinal, muito relacionado com analgesia por placebo).
Após a realização de uma bateria de testes de memória e atenção, os pesquisadores encontraram que o grupo com alto índice de sintomas obteve um desempenho pior na avaliação. Ainda é cedo para dizer que esses sintomas – e mesmo a redução das áreas cerebrais – estão relacionadas com a chamada “Síndrome da Guerra do Golfo”, doença relacionada com o enfraquecimento do sistema imunológico, ou mesmo que participantes de qualquer tipo de guerra estejam sujeitos a tal redução, mas ao menos uma conclusão é possível (mesmo que sirva só para terminar esse texto com uma afirmação humanista): guerra emburrece.

Lundberg, D. (1984). The American Literature of War: The Civil War, World War I, and World War II American Quarterly, 36 (3) DOI: 10.2307/2712739

Odegard, T., Cooper, C., Farris, E., Arduengo, J., Bartlett, J., & Haley, R. (2012). Memory impairment exhibited by veterans with Gulf War Illness Neurocase, 1-12 DOI: 10.1080/13554794.2012.667126

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